Minha campanha pra Senador (XII)

Na foto, Floriano Bezerra de Araújo, seu irmão Venâncio Zacarias de Araújo Filho, e Walkimar, no lançamento da campanha majoritária, com a presença do então candidato a governador Fernando Mineiro, em Macau, no ano de 1994
Minha campanha pra Senador (XII)

Prelúdio de Renan Ribeiro de Araújo

Os que lutam honesta e proativamente em favor dos mais humildes, num país de extremas desigualdades sociais como o Brasil, mesmo no Estado Democrático de Direito, sofrem na pele, cotidianamente, o viés discricionário da barbárie, o ferro quente da discriminação, o tacão medieval da exclusão e a odiosa pancada da intolerância. Foi nesse contexto hediondo que o ex-deputado, líder operário-camponês Floriano Bezerra de Araújo, aproveitou o direito de expressão nas ruas, e de antena, que as eleições proporcionam, para buscar o voto popular, erguendo alto a bandeira da liberdade. Vejam o relato que segue:

MINHA CAMPANHA PRA SENADOR
(Parte XII)

TAIPU

– Era noite, eu e Fernando Mineiro entramos na cidade de Taipu, vindos de Poço Branco. Indagamos das pessoas que cruzavam com a gente, até que estávamos na rua em que morava o militante, professor João Maria (In memoriam), chamado de Branquinho. De pronto, nos recebeu abrindo a porta pra gente entrar. Rotulava uma cachaça num pequeno alambique de quintal. Eu não sabia do seu trabalho artesanal. Logo, perguntamos por Arnaldo Eugênio de Andrade microempresário minerador, além de petroleiro.

Arnaldo vivia bem, num patamar de pequena classe média na inteligência do capitalismo selvagem em voga no País. Ambos militantes do PT, nos disseram ter organizado um comício na praça central do burgo de muitos criadores de rebanhos bovinos, ovinos e caprinos, e alguns apicultores de favos. Essa classe de abastados, fazia o poder, o mando de tanta nomeada na história do RN. Depois de um farto jantar na casa de Arnaldo, fomos ao comício convocado. Encontramos o senhor Antônio Saldanha, que conversava amistosamente com Edvan Dionísio Bezerra. Abrimos então papo do bom entendimento.

Chamados as falas para o povo ali tão paciente, Fernando Mineiro saldou a população presente e além de Taipu, dizendo das suas programadas metas para governar o Estado potiguar, pedindo o voto de todos nas urnas eleitorais no dia da eleição. Fui anunciado para falar e assim fiz na melhor forma coletivista do meu costume. Explicitei os pontos básicos do que seria o meu fazer no Senado da República, caso fosse ungido nas próximas urnas eleitorais com o voto da cidadania do Rio Grande do Norte. Isto posto, sensibilizado agradeci a população ali presente e a todos que fossem às urnas no dia da eleição. Então, Fernando Mineiro viajou para Natal, eu e meu filho Renan Ribeiro, então candidato a deputado estadual, aceitamos dormir na casa de Arnaldo e, após café da manhã, fomos para Macau, ressaltando a nossa gratidão ao honrado casal anfitrião, que nos cumulou de atenção e gentilezas.

Por oportuno, vocês hão de convir que uma campanha popular nos moldes engajados nas lutas dos trabalhadores e da cidadania, tal qual fizemos em 1994, não poderia deixar de lado os sindicatos. Para vocês, nomino essa passagem de Janela Sindical.

Eu e Fernando Mineiro visitamos dezenas de sindicatos de trabalhadores rurais e uma boa parcela de sindicatos de trabalhadores nas indústrias e demais categorias profissionais. Nos sindicatos de trabalhadores rurais, grosso modo, seus Diretores não me davam olhares de atenção, eu sendo o pioneiro de suas fundações no RN. Os dois primeiros sindicatos de trabalhadores rurais do RN foram os do Vale do Assú, com 280 trabalhadores presentes na assembleia de fundação, com Manoel Bezerra da Silva (Bacau), na presidência, e Pedro Ezequiel de Souza (Pedro Beltrão), Secretário. E o de Afonso Bezerra, com 190 associados, este presidido por Justo Bezerra do Carmo, e José Laurentino, Secretário. Aqui vale ressaltar que por ironia do destino este mesmo José Laurentino, no decorrer do golpe civil-militar de 1964, foi nomeado interventor no Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Sal de Macau, do qual era filiado.

O Presidente do STR de Natal já me conhecia há 21 anos. Foi festivo comigo, tratando-me com muita urbanidade. Enquanto muitos outros, meus conhecidos, negavam-me o fato presencial. É que havia uma diáspora predeterminada para que, assim, acontecesse. Deixa pra lá. A história sempre avança.

(Na foto, Floriano Bezerra de Araújo, seu irmão Venâncio Zacarias de Araújo Filho, e Walkimar, no lançamento da campanha majoritária, com a presença do então candidato a governador Fernando Mineiro, em Macau, no ano de 1994)

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